53 dias...

Dia de trabalhar um pouco a mente.
Ando muito cansada e minha irritação já está passando até dos meus próprios limites.

Nem eu estou me aguentando, quem dirá quem está em volta de mim.

Acordei à uma da tarde( ah, calmantes terríveis...) e fiquei no apartamento resolvendo questões que só as mulheres e donas de casa entendem.

Pendurando quadros pelas paredes, ajeitando apetrachos e porta trecos no banheiro, na área do apartamento, lavando o milhão de roupas que Denilson suja todos os dias, varrendo tudo e corrigindo a pintura do quarto de Fernã( fazendo os arremates).

Depois de limpar toda a sujeira e bagunça que eu mesma fiz, fiquei morta e com vontade de deitar na minha cama, mas como tinha que dar a janta para os bichos( temos um cachorro e a gata que vale R$ 500,00) tive que ir para a casa de Mamãe.

Marquei con Fernâ no Shopping e pensei em comprar a janta pronta, rodamos um pouco para tentar espairecer a cabeça e em poucos minutos Denilson me liga dizendo que já estava indo lá para casa de mamãe jantar...

Falei para ele onde estava e pedi que nos encontrasse por lá, seria mais fácil para comermos todos juntos e eu ainda tinha que comprar algumas coisas no mercado. A resposta dele foi categoricamente não, ele estava cansado, com fome,todo sujo do trabalho, etc e tal.

Fiquei chateada, discutimos no telefone e o clima que não estava bom desde ontem piorou bastante.

Estou tentando ser menos ingrata com ele. Não descontar tudo que estou sentindo, mas tem horas realmente que ele perde um pouco da noção. Acho que a ficha dele ainda não caiu.

Por mais que eu pareça forte e tudo mais, o sofrimento que está dentro de mim é tão imenso que nem explicação eu tenho.

Fico o tempo todo imaginando como será minha vida sem minha mãe ao meu lado para me ajudar, como será criar meus filhos que não terão direito de conhecer a avó, como Fernã está sofrendo me vendo tentar tomar decisões por nós todos e se adaptando a um mundo totalmente diferente do que ela possuía.

Segunda feira está chegando e eu nem quero imaginar o que vai ser voltar ao colégio e receber pesames, ouvir perguntas de como foi, como estou, o que vou fazer agora... ou pior ouvir aquela frase horrorosa: agora ela não está mais sofrendo,está descansando...

Eu não queria minha mãe descansando, queria ela do meu lado, da forma que fosse possível.

Não ficar histérica ou aos prantos não significa que tenha aceitado de maneira alguma esta perda.

Esta semana vou voltar para minha análise, sinto que vou precisar de ajuda, pois se as coisas não se acalmarem, nada na minha vida vai ter continuidade.

Vou ter que arrumar uma forma de externar toda essa agressividade que tenho guardado e que está vazando para aqueles que estão ao meu lado.

Não sei ainda como vai ser, mas Deus tem que me dar uma luz para que eu possa lidar.

Meu casamento e minha família precisam de mim e eu preciso muito,muito mais deles.